domingo, 21 de junho de 2009

artigo: Dança butô traça um ziguezague cultural entre a Europa e o Japão


Deutsch Welle


CULTURA | 19.06.2009

Dança butô traça um ziguezague cultural entre a Europa e o Japão



Teatro-dança de vanguarda, o butô se inspirou na "Ausdruckstanz" e em outras modernas tendências europeias. Continua aberto a influências e (re)assimilações, 50 anos depois, da capoeira à música pop.



Butô em Seattle, EUA (grupo Death Posture)



A peça Hibiki – Resonance from far away, da companhia japonesa Sankai Juku abriu o In Transit 09, festival de dança, teatro e performance contemporâneos que se realiza na Haus der Kulturen der Welt de Berlim. Fundado por Ushio Amagatsu, o grupo é um dos mais celebrados representantes do teatro-dança butô.


"Amagatsu está para a botânica como Pina Bausch está para a psicologia. Ele tira sua inspiração das menores variações de textura e tonalidade das plantas, assim como Bausch explora as emoções buscando seus paralelos no movimento." Assim o jornal International Herald Tribune definiu o trabalho do coreógrafo e dançarino nascido em 1949.


A comparação é inesperada, porém pertinente. Pois enquanto a dança clássica ocidental, e mesmo certas vertentes da dança contemporânea, são a glorificação do corpo humano, sua elevação até o divino, o butô procura o mais profundamente humano a partir do que está além/aquém dele – no animal, vegetal, mineral ou no sobrenatural, o mundo dos espíritos.


Sankai Juku: Hibiki



Rompendo a camisa-de-força da tradição


Corpos embranquecidos com pó-de-arroz japonês, lentidão sobre-humana, delicadeza e ternura beirando o kitsch, estertores, esgares, convulsões, morbidez, posturas corporais extremas, seminudez, sugestões de sangue, morte...


Tão fácil é enumerar o repertório de formas do butô quanto é duro definir satisfatoriamente essa arte corporal. Pois ela se originou e habita nos interstícios entre os conceitos – morto-vivo, belo-horrendo, masculino-feminino –, na superação de gêneros e dualismos.


O movimento nasceu no pós-guerra, em meio aos protestos estudantis no Japão. Michael Haerdter e Sumie Kawai, autores do livro Die Rebellion des Körpers (A rebelião do corpo), chamam a atenção para o processo de americanização – uma dependência com componentes "não apenas político-econômicos, mas também psicológicos" – que tomara o Japão – "um país de contradições" – após a Segunda Guerra Mundial.


Na dança, um inimigo era a modern dance, com sua fixação na pura forma. E o cultivo das artes cênicas tradicionais japonesas era percebido como uma camisa-de-força, feita de movimentos e gestos preservados e repetidos com minúcia pelos séculos adentro.


Os impulsos decisivos para romper com esse estado de estagnação artística partiram da Ausdruckstanz alemã. Interessante notar que a dança expressionista desenvolvida nas décadas de 1920-30 por Mary Wigman e seus discípulos Harald Kreutzberg e Gret Palucca também se originara da revolta contra o balé clássico. E, para tal, seus criadores igualmente recorreram a influências "exóticas".



Dura como a Alemanha


Já em 1936, Kazuo Ohno (nascido em 1906) estudara com um aluno de Wigman. Tatsumi Hijikata (1928-1986), o outro pai do butô, interessara-se no final da guerra pela "dança estrangeira". Ele logo confirmou que aquilo que procurava vinha da Alemanha. "Eu havia registrado que – já que a Alemanha era dura – essa dança também devia ser dura."


Uma peça de Hijikata – Kinjiki (Cor proibida), de 1959 – é considerada o nascimento do butô, antes mesmo de o termo ser cunhado. Baseada num romance de Yukio Mishima, ela tratava de homossexualismo e pedofilia, tabus absolutos para a boa sociedade japonesa.


Até hoje ainda paira a polêmica se a galinha simbolicamente sodomizada por Yoshito Ohno era estrangulada em cena ou não. Mas, seja como for, o escândalo resultante tornou a nova tendência vanguardista notória no Japão, da noite para o dia.


Alguns anos mais tarde, Hijikata proporia o termo ankoku butoh (aproximadamente "dança rústica da escuridão"). Além da Ausdruckstanz, os criadores do movimento iconoclasta revelariam outras inspirações europeias: o surrealismo e o dadaísmo, e autores franceses "malditos", como Lautréamont, o Marquês de Sade, Antonin Artaud, Jean Genet.



'Outer limits of the red', uma das partes de 'Hibiki'



Flerte com a morte


Por recusar-se a ser cristalizado como técnica, ou a formar escola, a natureza do butô continua escapando a definições simplistas. De Hijikata ficaram alguns aforismos tão enigmáticos quanto reveladores:


"Aprendi a inspirar e expirar, e cresci num determinado lugar. Impossível querer ensinar ou aprender essa vivência totalmente pessoal." Segundo ele, butô seria "o cadáver que quer se levantar, a todo preço e apaixonadamente"; "a luta de coisas invisíveis em meu corpo". "Minha dança nasceu da lama", comentava. Ou: "Não se esqueçam de fazer a tentativa de conviver com seus mortos".


O flerte com a morte é uma das constantes desse teatro-dança em perpétua mutação. Um componente extremo que conferiu trágica notoriedade ao grupo Sankai Juku em 1985: durante uma apresentação em Seattle, Washington, em que os intérpretes ficavam pendurados de cabeça para baixo de um alto edifício, uma corda partiu-se, e um deles precipitou-se na calçada abaixo, morrendo em seguida.



Macunaíma, hip hop, Stravinsky




Dançarina Mayumi Fukuzaki em Berlim



Porém, cinco décadas após seu batismo de fogo em Kinjiki, o teatro-dança japonês continua vivo e disposto a continuar assimilando influências "estranhas", seja o flamenco, a capoeira ou o hip hop. Sua rede se espalha, e são numerosas as trupes de butô por todo o mundo.


Apesar da advertência de Hijikata, muitos tentam comunicar a natureza do butô. Na Alemanha, nomes como Minako Seki e Tadashi Endo (presença frequente no Brasil), lecionam regularmente. E a dançarina Sayoko Onishi dirige a Accademia Internazionale di Butoh na Sicília, Itália, em colaboração com Yoshito Ohno, filho de Kazuo.


O butô provou, igualmente, sua capacidade de ser (re)assimilado: a legendária montagem de Macunaíma de 1978, do diretor brasileiro Antunes Filho, ilustra hoje publicações sobre o butô. Nos anos 90, a diretora norte-americana Julie Taymor integrou o veterano Min Tanaka em sua montagem do Oedipus Rex de Stravinsky, ao lado de Jessye Norman.


E em 2009 o rosto de Kazuo Ohno, hoje com 102 anos de idade, é a capa de um álbum da banda britânica Antony & the Johnsons, Crying light, a ele dedicado.



Autor: Augusto Valente 
Revisão: Alexandre Schossler 



Fonte:


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Idanca.net News
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Olá,

Tema recorrente no mundo contemporâneo, as novas tecnologias vêm aparecendo de várias formas nas criações em dança. O www.idanca.net traz, esta semana, duas reportagens que mostram diferentes usos de ferramentas de internet. Primeiro, mostramos o funcionamento de duas plataformas virtuais desenvolvidas na Europa onde o artista pode publicar informações sobre seus trabalhos, trocar impressões e experiências. Elas funcionam como uma espécie de biblioteca virtual. Leia e deixe seu comentário!

A segunda reportagem é sobre o projeto Mercado Livre, do Núcleo B, de Salvador, que usa o buddy poke como matéria-prima para a confecção de videodanças. Achou a ideia interessante? Comente!

Esta semana, o idança também destaca a polêmica que envolve profissionais de dança e de educação física com relação à fiscalização do trabalho de ambos. A discussão já chegou ao Ministério do Esporte e existe até uma Comissão Especial para debater o tema. Você sabia disso? Acompanhe as novidades no idança.

Em notícias: as estreias do fim de semana, convocatórias de festivais e muito mais!

idança está no twitter! Você já está nos seguindo? No @deu_no_idanca, você fica por dentro das principais notícias do site e não perde nenhum prazo. Acompanhe o idança! E não esqueça que você também pode nos encontrar no Orkut e no movimento.org.

Boa leitura.

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Hello!

A recurring theme in the contemporary world, the new technologies have appeared in different forms of dance creation. This week, www.idanca.net brings two reports that show different uses of internet tools. First, we show the workings of two virtual platforms developed in Europe, where artists can publish information about their work, exchange ideas and experiences. They work as a kind of virtual library. Read and write a comment!

The second report is about Núcleo B’s project, Mercado Livre, from Salvador, which uses buddy poke as material for the production of videodance. Do you think the idea is interesting? Comment!

This week, idança also highlights the controversy involving dance and physical education professionals regarding the inspection of each other’s work. The debate reached the Sports Ministry and there is even a Special Committee to discuss the subject. Did you know that? Follow the news at idança.

In the news section: the weekend’s premieres, festival call for entries and much more!

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Nice reading.














São Paulo: Curso de Musical nas férias


Dança Brasil

dancabrasil@dancabrasil.com.br

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Curso de Musical nas férias 


De 13 á 25 de julho acontece nas instalações do Centro de Artes Eleusa Lourenzoni, o curso de Musical com Mariana Gallindo (jazz dance e musical) e Thiago Kaltenbak (preparador vocal).


As aulas envolvem técnicas aquecimento, alogamento, flexibilidade e força, coreografia em diferentes estilos e rítmos novas tendências do Jazz Dance e pockets de musicais da Broadway com enfâse em "Legalmente Loira" e "Cabaret".

Vagas limitadas, mais informações: 11 2979-5646 ou secretaria@eleusalourenzoni.com  www.eleusalourenzoni.com

Saiba mais sobre o gênero:

O gênero musical floresceu principalmente nos Estados Unidos, onde havia duas estruturas de produção tipicamente industriais (e financiadas pelas maiores concentrações de grande capital disponível) — Broadway e Hollywood —, além da indústria fonográfica. O termo “musical”, muito além de um adjetivo, em geral designa especificamente a comédia musical estadunidense.

Talvez uma exceção ao modelo seja o trabalho de Bob Fosse, coreógrafo e diretor de “Cabaret”, “Chicago” e “All That Jazz” (este último, inspirado nas dificuldades de realização do segundo). Fosse não utiliza a inserção da música e da coreografia no campo diagético, forçando uma separação entre a trama e as canções. Ou seja, ninguém sai cantando e dançando no meio da calçada. Há sempre um palco que justifique o show -- de uma certa forma, eliminando a aura fantástica e a grandiloqüência do espetáculo.