Canal Aberto - Daniele
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Últimas apresentações do espetáculo de dança
“Na Infinita Solidão Dessa Hora e Desse Lugar” com a Cia. Corpos Nômades
Termina dia 22 de julho a temporada do espetáculo de dança “Na infinita Solidão Dessa Hora e Desse lugar”que está em cartaz Espaço Cênico O Lugar (Rua Augusta, 325) com direção de João Andreazzi com a Cia. Corpos Nômades.
Além da inspiração nos personagens que habitam os arredores da Rua Augusta, região central de São Paulo, a Cia Corpos Nômades baseou-se em textos do francês Bernard-Marie Koltès para elaborar o espetáculo.
A inspiração nos textos de Koltès, somada às investigações nos arredores da Rua Augusta, foram a causa motor para que o grupo criasse, em 2011, o espetáculo. Na pesquisa de campo efetuada pelos integrantes da companhia, puderam observar como se comportam e interagem os comerciantes, transeuntes, gays, punks, drag queens, lésbicas, garotas de programas, travestis, indies, roqueiros, jovens, velhos, ricos e pobres. Cada um com sua linguagem corporal, seu movimento, seu estilo, mas todos coabitando o mesmo espaço urbano: a Rua Augusta.
O projeto teve o apoio, em 2011, da 10ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo e para essa temporada conta com o 12º Programa da mesma lei, e o espaço cênico O LUGAR, sede do grupo, foi contemplado pela FUNARTE no edital Prêmio Procultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro de 2010.
Koltès (1948-1989) produziu intensamente em seus 41 anos de vida e fez história na dramaturgia, escrevendo roteiros e novelas, mas, principalmente, peças de teatro. Foram ao todo 22 textos traduzidos para mais de 30 línguas e montados em cerca de 50 países.
Com direção geral de João Andreazzi, “Na Infinita...” se inspira no ambiente da Rua Augusta e nos personagens típicos dessa região para criar movimentos que compõem as coreografias. Em cena, os textos de Bernard-Marie Koltès se coadunam com uma composição cênica coreográfica, que parte dos estímulos da Rua Augusta, além das ideias e pensamentos de Deleuze e Guattari.
São esses os mananciais que alimentam a corporeidade e a vocalidade dos intérpretes nas cenas, que constroem uma atmosfera de realidade imperfeita, vinda da existência da espécie humana, e, apreciados a partir das obras de Deleuze e Guattari, ver suas influências nos corpos masoquistas, esquizofrênicos e paranoicos.
Em Mil Platôs, Deleuze e Guattari enfatizam que o “nômade não tem pontos, trajetos, nem terra, embora ele os tenha. Se o nômade pode ser chamado de desterritorializado por excelência, é justamente porque a reterritorialização não se faz depois, como no migrante, nem em outra coisa, como no sedentário. Para o nômade, ao contrário, é a desterritorialização que constitui sua relação com a terra, por isso ele se reterritorializa na própria desterritorialização. É a terra que se desterritorializa ela mesma, de modo que o nômade aí encontra um território. A terra deixa de ser terra, e tende a tornar-se simples solo ou suporte”.
A construção desse espetáculo teve forte contágio das investidas experimentais com a Rua Augusta, respaldadas pelos pensamentos e movimentos advindos da contracultura da geração beat, dos manifestos de Oswald de Andrade (que morou ao lado do Espaço Cênico O LUGAR), dos corpos vendidos e comercializados das prostitutas e dos seres imaginários e suas histórias fantásticas, que como artistas andarilhos notívagos se expõem noite adentro.
Os alicerces que suportaram os corpos que daí surgiu foram dados por Guattari e Deleuze, em seus volumosos Mil Platôs, como o capítulo Como Criar para Si um Corpo sem Órgãos. Esses corpos propuseram novas possibilidades de reflexões existenciais, e elaboraram um conflito de discussão entre a loucura e a racionalidade; o isolamento no meio da multidão; o crime e a cumplicidade; a desigualdade; a desterritorialização e a territorialização; o desejo comprado e o vendido. O transitório e a ideia do corpo nômade foram também a matéria prima para elaboração dessa roupagem intrigante que coloca em exposição algumas das essencialidades características do corpo e da alma contemporâneos.
As ideias presentes nos pensamentos do geógrafo Milton Santos que serviram de motivação para dar nome de O LUGAR na sede da Companhia, também ajudaram na noção de uma “transcriação” que ocorre no lugar, na terra, no espaço, e como afeta ou transforma o corpo. O abandono e o resgate, do corpo, do prédio, do objeto, da sensação de reerguer-se, também foram uma fonte de inspiração.
O trabalho em parceria com o escritor, poeta e tradutor Claudio Willer e com artista da voz Madalena Bernardes possibilitaram um maior entendimento e desenvolvimento da dramaturgia no corpo, do corpo e para o corpo e da corporeidade vocal da fala.
Concepção Geral, Direção e coreodramaturgrafia: João Andreazzi Elenco: Bruna Dias, João Andreazzi, Letícia Moreira, Ricardo Silva e Talita Bertanha Inspirações dos textos: Bernard-Marie Koltès Assessoria Vocal: Madalena BernardesAdaptações e novos textos: Cia. Corpos Nômades Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini Iluminação: Décio Filho Figurino: Cia. Corpos Nômades Fotos: Henk Nieman Produção: Cia. Corpos Nômades, Jader Florêncio e Dora Selva
Temporada: Até 22 de julho de 2012, Sábados às 21h e Domingos às 20h30
Local: Espaço Cênico O LUGAR- Rua Augusta, 325 – São Paulo – SP
Telefones para informações: 011-32373224ou 011 92314457
Horário da bilheteria: abre uma hora antes
Ingressos: R$15,00 (inteira) e R$7,50 (meia)
Lotação: 65 lugares Recomendação etária: 16 anos Duração: 65 minutos
Estacionamento Conveniado: Rua Augusta, 108
Informações para imprensa
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