Canal Aberto - Márcia Marques
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Cia Druw apresenta em Curitiba os espetáculos Vila Tarsila e Lúdico no Teatro Guairinha
Figura 1 Vila Tarsila põe em cena elementos da obra da pintora
Um espetáculo voltado às crianças, não precisa, absolutamente, ser tatibitate. A trajetória das artes mostra que, pelo contrário, a obra NÃO deve enveredar por esse caminho que menospreza a inteligência dos guris.
Sem abrir mão das cores e dos conceitos recomendados à criançada, a Cia Druw debruçou-se nos trabalhos realizados por dois artistas plásticos e criou espetáculos de dança ímpares, que agora chegam à capital paranaense: Vila Tarsila e Lúdico, o primeiro inspirado nas memórias de infância de Tarsila do Amaral e o segundo nas obras do pintor russo Wassily Kandinsky.
Ambos os trabalhos tem direção geral de Miriam Druwe e roteiro e direção dramatúrgica de Cristiane Paoli Quito e chegam à Curitiba dias 23 e 24 de junho (Teatro Guairinha - Auditório Salvador de Ferrante - Rua XV de Novembro, 971 – Centro – Curitiba/PR) após terem viajado por diversas cidades do estado de São Paulo e do Brasil. Esta turnê tem o patrocínio da empresa Volvo por meio da Lei Rouanet e é uma das atrações do mês cultural Volvo, intitulado “Estação Volvo - É tempo de cultura em Curitiba”, que acontece de 29 de maio a 30 de junho em vários espaços da cidade.
Vila Tarsila joga luzes nas memórias de infância de Tarsila do Amaral, e remonta sua trajetória criativa, desde suas primeiras impressões sobre cores e formas, até as origens dos elementos que influenciaram diretamente em sua criação artística. Transporta o espectador ao mundo antropofágico da artista, demonstrando que sua obra nasceu das experiências visuais das inúmeras viagens realizadas e das brincadeiras que recheavam as tardes na fazenda onde vivia em Capivari, interior de São Paulo, onde podia correr livremente entre pedras, árvores, cactus e brincar com bonecas feitas de mato, em contraponto com a educação francesa que recebeu de seus pais. Certamente, o ápice desse aprendizado foi o “Manifesto Antropológico”, criado em parceria com Oswald de Andrade em 1928 e que propunha a “devoração cultural das técnicas importadas para reelaborá-las com autonomia, convertendo-as em produtor de exportação”.
Miriam Druwe e Cristiane Paoli Quito buscaram referências em algumas telas da pintora modernista para inspirar os seis bailarinos/intérpretes-criadores e a atriz Luciana Paes, que estarão em cena. Pinturas como O Abaporu, A Negra, Sol Poente, O Lago, A Lua, Manacá, A Cuca, O Sapo, O Ovo ou Urutu e A Floresta trouxeram elementos visuais fundamentais para munir a dança contemporânea pesquisada há anos pela Cia. Druw. O cenário e o figurino de Marco Lima é a materialização dessas ideias e procura trazer a própria visão de Tarsila, retratando a década de 1920. A trilha sonora original de Natália Mallo, além de suas próprias criações, foi inspirada na obra de Villa-Lobos.
Para complementar a investigação artística iniciada em agosto de 2009, Druwe e Quito tomaram como suporte o livroTarsila do Amaral - A Modernista, de Nádia BattellaGotlib, e a exposição Tarsila - A Viajante, que teve curadoria deRegina Teixeira, realizada na Pinacoteca do Estado. Dessas duas incursões persecutórias, Druwe e Quito descortinam os bastidores do movimento modernista, a vida cotidiana de Tarsila, seu processo criativo e sua relação com a arte.
Figura 2 - O ponto, a reta e a curva são alguns dos personagens inspirados em Kandinsky que estão em cena
Inspirado nas obras do pintor russo Wassily Kandinsky, propõe de forma colorida e poética um passeio pelo universo da criação de uma obra de arte. Cores e formas se agitam em busca de um lugar.
Há tempos Miriam Druwe alimentava paixão pela obra de Kandinsky. Pintor reconhecido pelas cores e formas de suas obras, teve contato muito cedo com a música, aos oito anos. Essa pequena incursão nas aulas de piano e violino deu noções fundamentais de harmonia e evolução, que depois seriam utilizadas.
Como base para todo desenvolvimento e criação do espetáculo, Druwe pesquisou no livro Do espiritual na arte, publicado em 1912, a primeira grande obra teórica sobre pintura. Nela, o pintor desenvolvia uma investigação filosófica sobre as cores e as formas, às quais conferia valores psicológicos e morais e as comparava com a música, que, apesar de sua imaterialidade, era capaz de fazer “vibrar a alma”. Anos mais tarde, em 1926, o artista russo lança Ponto e linha sobre plano, em que elabora a teoria semelhante à utilizada pelos músicos para compor. Era a necessidade interior do artista em detrimento à forma, que sempre teve, para ele, importância secundária. Em suas obras, umas das preocupações era a busca de um equilíbrio instável entre elementos opostos.
A partir dos elementos pesquisados, Miriam Druwe percebeu que o caráter lúdico sempre esteve à sua porta, rondando-a. Ouvindo o desejo interior de sua alma artista, juntou sua paixão pelo pintor russo, cercou-se de profissionais premiados e competentes das artes e percebeu que pela primeira vez em sua carreira falaria às crianças. Assim surgiu Lúdico.
No espetáculo Lúdico, a reta, a curva e o ponto são personagens que têm características e personalidades próprias. A curva, estilosa, assanhada e sinuosa, tem um temperamento e mobilidade corporal que lembra a serpente, é elástica, pode ceder e evitar, porque é capaz de desviar... O ponto é o início de tudo! E por ser o princípio, a tela branca foge dele, porque ela se acha linda assim, e tenta convencer a todos que sendo o mais simples dos elementos é cheia de graça, mas também cheia de expectativa... A reta é determinante, mandona, indica caminhos (corporais), tem certeza que é uma junção de pontos (o que é verdade...). O círculo preto, circunspecto, sisudo, é meditativo e diz, va-ga-ro-sa-men-te: “Aqui estou”. O círculo vermelho, por sua vez, é troada e relâmpago, apaixonado, irradia para todos os lados e roda, roda, roda... O criador (ou pintor) ao se deparar com a reta, os círculos, o ponto, a curva e a tela, é engolido pela obra.
Miriam Druwe, bailarina e coreógrafa da Cia. Druw, tem uma trajetória ímpar na dança brasileira. Participou de importantes companhias como Balé da Cidade de SP e Cisne Negro e trabalhou com profissionais importantes como Luis Arrieta, Ana Mondini, Vitor Navarro, Gisela Rocha, Vasco Wellemcamp, Gigi Caciulenou, Phillip Tallard, Sandro Borelli, Ismael Guiser, Yoko Okada, Sacha Svertlof, Jane Blaut, Yellê, Penha de Souza, José Possi Neto. Atualmente é diretora do corpo estável de dança do Teatro Municipal de Jundiaí.
Premiada pela APCA como melhor bailarina em 1993, Druwe trabalhou em diversos projetos e espetáculos com companhias e instituições como a Cia Nau de Ícaros, Escola Livre de Dança de Santo André, Cefac (Centro de Fomação em Artes Circences), Centro Cultural São Paulo, Sesc´s, Galpão do Circo e Festivais de Dança no Brasil.
A Cia. Druw, em Lúdico (2008), espetáculo anterior de dança infanto-juvenil inspirado nas obras do pintor russoWassily Kandinsky, recebeu diversas críticas positivas e obteve sucesso junto ao público, percorrendo vários teatros da capital e interior, sempre com casa cheia. Lúdico trata de forma poética um passeio pelo universo da criação de uma obra de arte.
Em 2012, o espetáculo Vila Tarsila fez parte do projeto Palco Giratório do SESC.
A Cia DRUW já foi contemplada pelos seguintes prêmios:
• Prêmio Estímulo à Dança Secretaria da Cultura – 2003 • Prêmio Estímulo Braços e Pernas pela Cidade – Centro Cultural SP • 3º Edital de Fomento à Dança 2007 com o projeto “Lúdico” (2007) • PAC 2008 – Corpoético. 6º Edital de Fomento à Dança com o projeto “Vila Tarsila” (2009) • Edital Caixa Econômica Federal 2009 – Espetáculo Lúdico • 9º Edital de Fomento à Dança (SP) com o Projeto Girassóis • Edital CORREIOS/2010 com o Projeto ‘Mostra de Repertório - Cia. Druw LÚDICO e VILA TARSILA’.
Fichas Técnicas
Ficha técnica Lúdico
Direção Geral: Miriam Druwe
Concepção e Direção: Miriam Druwe e Cristiane Paoli Quito
Intérpretes: Adriana Guidotte, Anderson Gouvea (ou Mariana Duarte), Bruna Petito, Elizandro Carneiro, Miriam Druwe, Orlando Dantas, Tatiana Guimarães.
Atriz: Luciana Paes
Trilha: Fábio Cardia
Figurino e Cenário: Marco Lima
Luz: Marisa Bentivegna
Operação de Luz: Marcel Gilber
Contrarregra: André Schulle
Gestão Cultural: Doble Cultura + Social e Produção Executiva: Aymberê Produções Artísticas Ltda
Ficha técnica - Vila Tarsila
Direção Geral: Miriam Druwe
Roteiro e Direção Dramatúrgica: Cristiane Paoli Quito
Concepção e Criação: Miriam Druwe e Cristiane Paoli Quito
Atriz: Luciana Paes
Intérpretes: Adriana Guidotte, Anderson Gouvea (ou Mariana Duarte), Bruna Petito, Elizandro Carneiro, Miriam Druwe, Orlando Dantas, Tatiana Guimarães
Trilha: Nathalia Mallo
Figurino e Cenário: Marco Lima
Luz: Marisa Bentivegna
Operação de Luz: Marcel Gilber
Videocenário: Felipe Sztutman
Adereços e Bonecos: FCR Produções Artísticas
Contrarregra: André Schulle
Gestão Cultural: Doble Cultura + Social e Produção Executiva: Aymberê Produções Artísticas Ltda
Serviço
Dias e horários para público em geral
Dia 23 de junho de 2012, às 16h – Lúdico
Dia 24 de junho de 2012, às 16h – Vila Tarsila
Teatro Guairinha (Auditório Salvador de Ferrante)
Rua XV de Novembro, 971 – Centro – Curitiba/PR
Ingressos gratuitos, retirados uma hora antes do início do espetáculo, na bilheteria do teatro.
Apresentação para escolas:
Dia 20 de junho de 2012, às 15h30 – Vila Tarsila
Dia 22 de junho de 2012, às 15h – Lúdico
Os agendamentos serão aceitos até a véspera dos espetáculos e de acordo com a disponibilidade de vagas.
Informações para a imprensa
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