segunda-feira, 9 de junho de 2008

Parangolés


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Parangolés, Parangolés...

Espetáculo de dança contemporânea “in(corpo)ra” conceito do artista plástico Hélio Oiticica: do “corpo tornado dança”

Dia 26 de Junho de 2008, quinta-feira, às 20h na Galeria Olido, em São Paulo, estréia – para convidados - o espetáculo de dança “Parangolés”, com a atriz e bailarina Mariana Muniz. O espetáculo é resultado do cruzamento do conceito parangolé, da obra do artista plástico Hélio Oiticica com a dança contemporânea.

A Companhia Teatro e Dança Mariana Muniz investiga cenicamente as conexões expressivas entre poesia e movimento. Essa iniciativa de encenar “Parangolés” surgiu do estudo da obra de Hélio Oiticica, que conseguiu unir, por meio do conceito parangolé – entre outros – samba.

O espetáculo se propõe, ao investigar a obra do artista brasileiro, questionar o corpo que dança e suas matrizes geradoras de movimentos, a partir de conceitos encontrados no livro "A Estética da Ginga" de Paola B. Jacques*[CA1] .

São três os conceitos trabalhados pelo pensamento de Paola em diálogo com o pensamento artístico de Hélio Oiticica: FRAGMENTO, LABIRINTO E RIZOMA. Mariana Muniz assimila os três conceitos com o de in-corpo-ração e faz surgir, na práxis cênica, o corpo fragmentário, labiríntico e rizomático.

“Parangolé” é um projeto que dá continuidade à pesquisa que a Cia. Teatro e Dança Mariana Muniz desenvolve, desde 2000, sobre as relações entre palavra e movimento, poesia e dança contemporânea, e aprofunda o contato da companhia com um objeto de pesquisa – o samba.

Cia.Teatro e Dança Mariana Muniz

"Em cada uma de suas realizações, sempre ofereceu sínteses entre o que carregava no seu corpo de profissional de dança e as demandas específicas do fazer teatral."

Helena Katz

Mariana Muniz nasceu em Pernambuco, onde começou seus estudos de dança clássica, e formou-se no Rio de Janeiro pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal. Em 1974 encontrou-se com Klauss e Angel Vianna e, desde então, dedica-se ao trabalho com a dança contemporânea. Trabalhou com Klauss em 1983, quando ele criou o Grupo Experimental do Balé da Cidade de São Paulo e dançou no Grupo Coringa de Graciela Figueroa. Estudou em Nova York nas escolas de Martha Graham, Mercê Cunningham e Jennifer Muller; e na França estudou na Sorbonne com Annick Maucouvert e estagiou na Cia. de Maguy Marin. Premiada por suas participações em montagens de dança e teatro, cria solos, frutos de suas investigações no campo das relações entre a palavra e o movimento, e das percepções que se tem do corpo em movimento, tanto no Ocidente como no Oriente.

Atualmente, Mariana Muniz dá continuidade ao seu fazer artístico participando de espetáculos teatrais e criando os seus próprios espetáculos junto com a companhia, onde mistura, de maneira muito própria, o teatro com a dança, em parceria com o arquiteto Cláudio Gimenez.

Mariana Muniz, nas pesquisas realizadas no Rio de Janeiro na casa da família Oiticica (Centro de Documentação Hélio Oiticica), conta suas impressões quando experimentou as réplicas dos parangolés do artista: “Ao vestir (o parangolé), percebi a influência da sinuosidade que a geografia do Rio de Janeiro tem, e suas favelas também. Causa uma sensação labiríntica. Você tenta colocar o braço em um espaço e não encontra saída, de repente encontra um detalhe de tecido que não tinha notado ainda ou percebe que a continuação do tecido se transforma em outro tecido ou ainda, encontra bolsos inesperados.


Ficha Técnica

Concepção e Direção: Mariana Muniz

Assistente de Direção; Cenografia e Fotos: Cláudio Gimenez

Bailarinos-intérpretes: Bárbara Faustino, Danielli Mendes, Mariana Muniz, Ronaldo Silva, Thais Ushirobira, Thalita Silva

Figurinos: Tânia Marcondes

Iluminação: Celso Marques

Música: Celso Nascimento, Ricardo Severo

Professores Convidados: Acácio Valim, Carlos Avelino, Toninho Macedo, Valéria Cano.

Produção: José Renato F. Almeida

Serviço

Estréia 26 de junho, 20h, até 6 de julho de 2008

Galeria Olido - Sala Paissandu - Av. São João, 473 – Centro – Fone: 011 33317703

Ar-condicionado /Acesso para deficientes/ Ingressos distribuídos com uma hora de antecedência/

Duração: 60 minutos

Temporada: Quinta a Sábado, 20h, Domingo, 19h

Lotação: 60 lugares

Entrada Franca

Dia 08, 10 e 11 de julho

Praça do Patriarca, Centro

Terça, Quinta e Sexta às 11h30

Logo PinupcópiaINFORMAÇÕES PARA A IMPRENSA

Canal Aberto – 11 3798 9510/ 9126 0425 – Márcia Marques

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Rizoma, fragmento e labirinto

De acordo com a autora, “rizoma (do urbano ao território) diz respeito à ocupação selvagem dos terrenos pelo conjunto de barracos, e sobretudo ao crescimento rizomático das favelas formando novos territórios urbanos, fundamentado peloconceito de comunidade, independente de qualquer planejamento urbano ou territorial”.

O termo fragmento, ainda na análise da constituição das favelas e transposto para o universo-corpo é assim contextualizado: “Os barracos das favelas são construídos inicialmente a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso pelo construtor. Assim, os barracos são fragmentados formalmente (...) A construção é cotidiana, continuamente inacabada.

Na conceituação que faz do termo labirinto, “os caminhos internos da favela provocam a sensação labiríntica ao visitante principalmente pela falta de referências espaciais urbanas habituais, pelas perspectivas sempre fragmentárias que causam um estranhamento”.

Articular esses elementos e relacioná-los na obra de Hélio Oiticica foi o ponto de partida de Mariana Muniz. O intuito era fazer com que cada fragmento do todo na obra que nascia fosse experimentado sempre, na busca de se renovar os sentidos dos movimentos realizados a cada instante. Todos os elementos propiciam uma arquitetura do corpo e uma estética a partir de Hélio Oiticica. Para o artista plástico, no processo de criação está implícito o repensar a memória cultural brasileira a partir da poesia e da dança dos anos 70, momento de profundas fermentações e rupturas criativas. De acordo com o próprio Oiticica, “Com parangolé descobri estruturas comportamento-corpo: tudo para mim passou a girar em torno do ‘corpo tornado dança’.”

Parangolé era ...

Para o artista plástico Hélio Oiticica, parangolé é fruto das experiências do artista com a comunidade da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, no Rio de Janeiro no fim da década de 1960. Considerado por Hélio Oiticica a "totalidade-obra", parangolé é o ponto culminante de toda a experiência realizada com a cor e o espaço. Estandartes, bandeiras, tendas e capas de vestir prendem-se nessas obras, elaboradas por camadas de panos coloridos, que se põem em ação na dança, fundamental para a verdadeira realização da obra: só pelo movimento é que suas estruturas se revelam.

O artista passa a ser um incentivador da criação pelo público, dado que a obra só acontece com sua participação. Em repouso, os parangolés lembravam "as asas murchas de um pássaro", segundo o poeta Haroldo de Campos. Bastava alguém vesti-los e abrir os braços para que se confundissem com uma "asa-delta para o êxtase", percebeu o poeta.


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