Semana da Cultura Negra - Show Acorda Raça!
A Companhia de Música e Dança Afro Kundun Balê mostra a contribuição do negro na formação do folclore brasileiro e um pouco da cultura popular preservada pela comunidade quilombola Paiol de Telha. Composto por crianças e adolescentes que vivem no quilombo Paiol de Telha, interior de Guarapuava, o Kundun Balê chega a Curitiba com o show Acorda Raça!, que mescla música, teatro e dança num roteiro que faz com que os bailarinos não deixem o palco um instante sequer durante o show.
O espetáculo afro traduz a proposta do Kundun nesse projeto de duas formas. A primeira trata do amor à negritude (cor); a segunda (acorda) é um chamado para que o negro se conscientize da força que possui, levando em consideração que o negro mesmo escravizado deu uma contribuição perene à cultura brasileira, com a culinária, a dança, o ritmo, o idioma, entre outros setores. A energia que é repassada pelo Kundun e que provoca uma simbiose com o público começa já na primeira coreografia, quando o “senhor dos ventos” chega para abrir os caminhos e “plantar” muito axé (energia, força).
Em seguida, as danças a partir de passos de Ogum, o orixá do ferro, e Oxóssi, o deus das matas, recuperam a força guerreira que os quilombolas têm na luta pela terra de origem. Essa dança se mistura com Ossain, o orixá das plantas medicinais e cai numa coreografia que leva para o palco o personagem Aroni, uma espécie de saci-pererê, figura mítica do folclore brasileiro. O Facho de Fogo traça um paralelo com o sincretismo religioso, referenciando Xangô e o fogo da justiça para numa analogia recuperar o folclórico boitatá e sua lenda de purificador dos pecados.
O sincretismo se faz mais forte com a coreografia Mulheres do Paiol, um número que dá identidade ao show por levar para o palco a manifestação religiosa celebrada na Sexta-Feira Santa na comunidade, a Recomenda, um ritual que “encomenda” as almas numa procissão que vai de casa em casa até o dia amanhecer. Mostra também as diversas facetas da mulher quilombola e os seus afazeres no cotidiano da comunidade.
Kimzombajé - A Festa do Espírito - mostra o encontro festivo dos deuses africanos, enquanto o Katurê Mautu, traz até o Brasil o costume de uma nação africana, habitada por sábios guerreiros que afastam a guerra entre as tribos tocando tambores e dançando até a exaustão. Wella Kundun exalta os protetores da natureza, seiva que nutre o Kundun Balê. O maculelê, tradicional dança de capoeiristas que mostra a dança com bastões dos guerreiros malês, ganha uma nova roupagem com o grupo: os bastões de madeira foram substituídos por afiados facões, trazendo maior veracidade das lutas.
Companhia
Kundun Balê
Auditório Salvador de Ferrante (Guairinha)
Horário(s):
21/11/2008 - Sexta, às 20h
Preço(s):
GRÁTIS