Estreia dia 09 de setembro, às 21h, no Centro Cultural São Paulo, em temporada gratuita, o novo espetáculo concebido pela atriz e bailarina Mariana Muniz: NUCLEARES. O projeto é inspirado no trabalho Núcleos, do artista plástico tropicalista Hélio Oiticica. Na obra original, os núcleosconsistem em estruturas de placas de madeira que pendem soltas, geralmente pintadas com cores quentes – laranja, amarelo, vermelho. Estas se prendem a um teto ripado, em posições marcadas e numeradas, como uma planta. Trata-se de uma construção arquitetônica, de diversos níveis. Labirínticos, os núcleos, são cavidades ambíguas, cabines que permitem a visão da obra no espaço e no tempo.
Nucleares é um projeto de dança contemporânea que aborda, através do movimento e da palavra, questões fundamentais da existência humana. Nessa concepção, a trilha sonora inova na utilização da guitarra de Jimy Hendrix sobreposta a trechos dos textos de H.O., gravados na voz de Mariana Muniz. Aspectos inerentes ao ser humano, como o auto-questionamento, são tratados de forma bastante clara, tais como o medo e a necessidade de correr riscos ou de estar só, no meio da multidão. O rock , segundo o artista plástico Hélio Oiticica, foi a descoberta do corpo, já que é um tipo de música que se dança sozinho e da forma que se desejar.
O samba também foi inserido na trilha e, ainda de acordo com HO, é um ritmo que, diferente do rock, que dispensa apresentações, necessita de certa iniciação para ser corretamente compreendido e praticado, devido a sua influência religiosa. O espetáculo pode ser lido, ainda, como um retrato do homem moderno, vivendo em constante movimento, sofrendo com suas limitações e tratando com descaso os demais, enquanto, paradoxalmente, precisa confiar no outro, o que gera um estado de co-dependência contínua.
De acordo com Tânia Marcondes, figurinista do projeto, os textos falados, que revivem a fala de Hélio Oiticica, são reverberados pelos movimentos do grupo, não no sentido de redundá-los, mas atualizandos-os para o momento social que estamos vivendo, fazendo-nos refletir sobre a relação arte e sociedade.
Continuação do projeto iniciado pela Cia. Mariana Muniz de Teatro e Dança, o trabalho é o passo seguinte ao espetáculo Parangolés (2007/08), que também trouxe para o universo da dança a relação entre palavra e movimento, porém, focalizando o samba como objeto de pesquisa.
Mariana Muniz
Nascida em Pernambuco, Mariana começou seus estudos de dança clássica aos sete anos de idade. Formou-se pela Escola de Danças Clássicas do Teatro Municipal, no Rio de Janeiro, e há 35 anos tem se dedicado ao trabalho com dança contemporânea, tendo participado do Grupo Experimental do Balé da Cidade de São Paulo, criado por Klauss Vianna, entre outras companhias e escolas internacionalmente renomadas, como a Sorbonne, na França. Nos dois últimos anos, a bailarina tem desenvolvido, junto à sua companhia, um trabalho fundamentado nas obras do artista plástico brasileiro, Hélio Oiticica, que visa trazer para o universo do movimento e da dança, uma reapresentação não só das palavras, mas também das cores e formas.
Hélio Oiticica (1939-1980)
Neto do anarquista, professor e filósofo brasileiro, José Oiticica, Hélio enveredou pelo mundo das artes, se tornando um dos artistas mais revolucionários de seu tempo, atuando como pintor, escultor e artista plástico. Nos anos 60, criou o Parangolé, que chamava de "antiarte por excelência". A obra consistia numa espécie de capa que só apresentava plenamente seus tons, formas e texturas a partir do movimento de quem o vestia, o que foi considerada uma escultura móvel. Hélio Oiticica foi, também, o criador do termo Tropicália – nome que deu a uma de suas obras -, e ajudou a consolidar a estética do movimento tropicalista na música brasileira entre 1960 e 1970.
Ficha Técnica
CIA. MARIANA MUNIZ DE TEATRO E DANÇA
Concepção, Direção e Coreografia: Mariana Muniz
Assistência de direção e cenografia: Cláudio Gimenez Criadores- intérpretes: Bárbara Faustino, Danielli Mendes, Thais Ushirobira, Thalita Souza, Ronaldo Silva Participação especial: Mariana Muniz Trilha sonora:Ricardo Severo Iluminação: Celso Marques Figurinos: Tânia Marcondes Fotografia: Cláudio GimenezDesign de Imagens: Osmar Zampieri Aprendizes: Murilo de Paula, Natacha Takahashi e, Vanessa Gomsant e Lisane Professores Convidados: Carlos Avelino de Arruda Camargo, Toninho Macedo, Frederico Santiago, Karen Müller Design Gráfico: Paula Viana Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Mídias Alternativas (cinemas): Massaini Cultural Produção Executiva: José Renato F. de Almeida
Centro Cultural São Paulo – CCSP Rua Vergueiro, 1.000 - Estação Vergueiro do Metrô Informações: 11 3397.4004 Temporada: de 09 a 13 de setembro de 2009 Duração: 1 hora / Classificação: 12 anos Quarta a sábado às 21h, domingo às 20h Sala Jardel Filho / Lotação: 324 Lugares Entrada Franca - Distribuição de ingressos com duas horas de antecedência |
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