sexta-feira, 20 de novembro de 2009

São Paulo: ÉdiPUS REX - A MÁQUINA DESEJANTE + INFORME O LUGAR CIA. CORPOS NÔMADES


Cia. Corpos Nômades Nômades
escreveu

 
ESTREIA DO ESPETÁCULO:
 
ÉDIPUS REX
A MÁQUINA DESEJANTE
 
Direção de João Luis Minelli Andreazzi *
 
dia 13 de novembro de 2009 - sexta -  às 21h00
 
 
 fotos Henk Nieman 

A dança contemporânea dialogando com a cultura do Carnaval e do Hip-hop (Dj,Grafiteiro e MC) .

                      Ficha Técnica:

Direção e Coreodramaturgrafia: *João Luis Minelli Andreazzi.

Elenco: Bruna Dias, Isabella Franceschi, João L. M. Andreazzi*, Ricardo Silva, Tais Magnani e Tiago Teles

Mestre Sala: Gabi

Grafiteiro e cenário: Tota

DJ: Dan-Dan

Rapper-virtual: Terra Preta

Assessoria Poética Dramatúrgica: Claudio Willer

Composição da Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini

Figurinos, Cenário e  Adereços: Nicea Corrêa

Vídeo-Arte: Bruno Cucio,  Cris Lyra, Guilherme Severo e Marcela Sneider (Sina Filmes)

Fotografo: Henk Nieman .

Designer Gráfico: Rafael  Benthien

Confecção e montagem do Cênario: Djane Borba

Assessoria de imprensa: Canal Aberto

* João Luis Minelli Andreazzi  (nessa monatgem João Andreazzi – acrescenta seu nome completo somado ao sobrenome materno)  

As inspirações poéticas para essa montagem foram:

A famosa trilogia de Sófocles sobre a "lenda/mito" de Édipo.

Édipo Rei de Sófocles transformou-se em ícone moderno e pós-moderno por criar personagens que foram adotados pela psicanálise e filosofia, ao expressarem os mais secretos desejos humanos. O relato dessa tragédia, advinda de uma lenda grega, foi fundamental para a concepção do espetáculo, pois permitiu ampliar o leque de imagens e movimentos.

A história de Édipo – filho de Laio e Jocasta, pai de Etéocles, Ismênia, Antígone e de Polinices  – é considerada a  tragédia  das tragédias,  ao colocar em foco questões como o parricídio e o incesto; mas também é motor do pensamento e da pesquisa de questões como as das oposições e interações entre o público e o privado, a norma e a transgressão, o destino e a invenção.

A analise desconcertante e complexa deste mundo capitalista e esquizofrênico por Fêlix Guattari e Gilles Deleuze.

O Anti-Édipo – Capitalismo e Esquizofrenia, obra de Deleuze e Guattari, foi primordial para essa nova montagem; em especial  o capítulo 1, "As Máquinas Desejantes". Seus autores, contrapondo-se à psicanálise de Sigmund Freud e  inspirado-se em diversos escritores, principalmente em Antonin Artaud, fazem um strip-tease de órgãos, despindo o ser humano, em seus estudos sobre a sociedade contemporânea.

      É de pus, pústula, uma ferida ilustre, ÉdiPus uma máquina desejante.

O Corpo e a cultura que o envolve; a dança contemporânea pesquisada pela  Cia. Corpos Nômades interagindo com as culturas do Carnaval e do Hip-Hop.

Essas culturas tão universais conectam-se à idéia do nomadismo, que fundamenta tanto o surgimento quanto o conceito da linguagem corporal da Cia. Corpos Nômades. Outros pontos de conectividades das escolhas para essa montagem são a noção de "lugarização", além de haver uma referência ao publico e o privado; e, no caso do Carnaval/carnavalização, com a lenda de Édipo, no que diz respeito ao seu bisavô Lábdaco: este reprimiu o culto das bacantes, que ganhavam extrema influência religiosa e política na cidade. Teria profanado um altar a Dionísio, o que provocou a fúria das bacantes, que o mataram por esquartejamento.     

Essas fontes de inspiração que pairaram e se infiltraram nos corpos nômades da Companhia conectam-se à idéia da coreodramaturgrafia para construir um alicerce "liso e estriado", densamente imagético, povoado por referências: os corpos masoquistas, esquizofrênicos e paranóicos que aparecem nas análises de Deleuze e Guattari; a bissexualidade de Laio com Crisipo; o enigma da esfinge para Édipo ("Qual o animal que pela manhã anda com quatro patas, a tarde com duas e a noite com três patas" – ao que ele responde: "O homem"); a luta de Etéocles e Polinices, filhos de Édipo, pelo poder; Antígona, a irmã emparedada; a linhagem de coxos que envolve o próprio Édipo;  a cegueira profética tanto de Tirésias quanto de Édipo.

Assim é dada continuidade ao desenvolvimento investigativo-cênico que chamamos de coreodramaturgrafia, em que a dança se funde com a dramaturgia, originando o sentido cênico do corpo contemporâneo, numa fusão do movimento corporal e vocal expondo um corpo falante que orquestra a cena.

Breve Histórico:

A idéia de envolver as culturas do carnaval e do hip-hop com a dança contemporânea surgiu em 2000, quando o espetáculo OOZE/EZOO ainda estava em cartaz. Essa obra teve como inspiração os poemas de Samuel Beckett e a interação com a cultura do hip-hop. Desde então, de 2000 até 2009, foram realizados alguns experimentos no sambódromo de São Paulo e no estacionamento dos carros alegóricos das escolas de samba (2002, 2006 e 2009), eventos esses acompanhados pelo fotografo Henk Nieman. Também ocorreram alguns bate-papos sobre O Corpo e a Cultura que o Envolve, com a participação do Mestre-Sala Gabi e o grafiteiro Tota, nos  SESCs Pompéia (2001) e  Ipiranga (2002), um work in progress que se chamou Treme-Terra no SESC Consolação (2001), e agora em 2009 chega-se ao resultado de ÉdiPUS REX – A Máquina Desejante. 

Por Claudio Willer

A produção imediatamente anterior da Cia. Corpos Nômades, Hotel Lautréamont – Os bruscos buracos do silêncio, adaptou Os Cantos de Maldoror de Lautréamont: obra consagrada, é certo, porém desconhecida para boa parte do público. Agora, apresenta uma obra universalmente conhecida – quem sabe, o relato mais universal, junto com aquele da criação do mundo, de Adão e Eva, em Gênesis. É a história do herói que matou o pai, venceu a Esfinge, tornou-se rei de Tebas, casou-se com a mãe e, como expiação, arrancou seus próprios olhos. Ou melhor, são histórias que se cruzam na trilogia de Sófocles (Édipo Rei, Édipo em Colona, Antígona), de Édipo, Jocasta, Laio, Tirésias, Creonte, Antígona...

Seus sentidos, derivados da universalidade do mito, são notórios. Em primeiro lugar, aquele clássico, teatralizado por Sófocles, sobre os limites da condição humana. Os deuses tudo podem, inclusive praticar incesto e parrícidio; os humanos, não: têm que ater-se a limites. Heróis os ultrapassam; por isso, são sacrificados pelos deuses; mas, por seu heroísmo, ganham lugar no Olimpo, ou em algum posto destacado no reino dos mortos. O sentido moral da tragédia clássica é esse, da precariedade da condição humana frente aos deuses e ao destino. A propósito, muito já se escreveu sobre o pessimismo e fatalismo gregos, sua visão trágica de mundo (Mircea Eliade, E. R. Dodds em Os Gregos e o Irracional, etc).

Do Édipo sofocleano e do valor exemplar do mito decorrem as contribuições à sua interpretação. Uma delas, aquela de Freud, ressignificou o mito: hoje, lemos Édipo; mas entendemos Freud. O anti-Édipo, livro de Gilles Deleuze e Félix Guattari, é na verdade um anti-Freud: a esquizoanálise, proposta por esses autores, é crítica da psicanálise convencional.

Para a antropologia moderna, também sublinhando a universalidade do mito, obedecer ao tabu do incesto é pré-condição para a cultura; ou seja, para viver em sociedade. É interessante como, para Georges Bataille, pensador da transgressão, a experiência erótica, o verdadeiro gozo, requer a quebra de tabus. É o que sustenta, partindo justamente de Freud e de Lévi-Strauss, em O Erotismo. Autor de narrativas que são variações sobre o tema de Édipo – como Ma mère, Minha mãe, na qual um filho se relaciona com a mãe devassa, e Histoire de l'oeil, História do olho, no qual há sexo fetichista com olhos desorbitados –, Bataille é um dos autores citados, junto com Samuel Beckett e Antonin Artaud, em O anti-Édipo.

Do complexo ensaio por Deleuze e Guattari pode-se reter duas frases, possíveis chaves desta encenação pela Cia. Corpos Nômades:

"Édipo supõe uma fantástica repressão das máquinas desejantes"

"O que colocar no triângulo edipiano, com que formá-lo?"

Em cena, as "máquinas desejantes"; e as permutas, as possibilidades de formação do triângulo – e de outras geometrias, envolvendo o conjunto de corpos dos personagens da tragédia – envolvendo, quem sabe, a todos nós.

Mas o que encena a Cia. Corpos Nômades? Édipo ou o anti-Édipo? Diria que ambos: o que se passa em cena é um jogo entre interpretações, as clássicas e aquela transgressiva. João Andreazzi e os demais integrantes do elenco dançam, expressam-se, apresentam-se como ideogramas ou emblemas, movidos pela tensão entre esses pólos. Oferecem-nos um trans-Édipo. Simbolizam – inclusive através dos adereços e máscaras atemporais, bem como da participação do sambista, do disk-jockey e do grafiteiro, mais o repertório musical variado – a universalidade do mito; e dos anti-mitos, das possibilidades de reinterpretação do relato originário.

Deixar de ater-se aos limites impostos pela condição humana (ou pela cultura, diriam os intérpretes modernos do mito): isso não seria um modo de superá-la? De instaurar um novo homem? Ou uma nova cultura? Um novo corpo? Penso que João Andreazzi e seus colaboradores exibem Édipo e anti-Édipos; mas apontam para estas palavras finais de Artaud: "Quem sou eu? / De onde venho? / Sou Antonin Artaud / e basta-me dizê-lo / como só eu o sei dizer / e imediatamente / verão meu corpo atual / voar em pedaços / e se juntar / sob dez mil aspectos / notórios / um novo corpo / no qual nunca mais / poderão me esquecer."

ÉDIPUS REX - A MÁQUINA DESEJANTE  - serviço

O LUGAR - Cia. Corpos Nômades
Rua Augusta, 325 - São Paulo -Brasil
Telefax: 55-11-3237-3224

Ingresso: R$ 15,00 inteira e R$7,50 a meia entrada

www.ciacorposnomades.art.br
ciacorposnomades@uol.com.br
ciacorposnomades@gmail.com

 
 Oficinas e workshops Gratuitos:

Eventos com a Cultura do Hip-hop

  Oficina de Graffiti com  TOTA, de 24 a 26 de novembro das 14h00 às 17h00, na sede da Cia. Corpos Nômades. Público Alvo: grafiteiros e pessoas interessadas acima de 16 anos. Número de vagas: 10.

Eventos com a Cultura do Carnaval 

Oficina de Alegoria Carnavalesca com Nicea Corrêa – dia 28 de novembro - sábado, das 14h00 às 17h00, na sede da Cia. Corpos Nômades. Público alvo: interessados no assunto acima de 12 anos. Número de vagas: 20.

Eventos com a Cia. Corpos Nômades

Ateliê de composição coreográfica coordenado por João Luis Minelli Andreazzi e Cia. Corpos Nomades dia 21 de novembro, sábado das 14h00 às 17h00, na sede da Cia. Corpos Nômades. Público Alvo: bailarinos e atores interessados no tema. Numero de Vagas: 30.
 
Exposição de Fotos
 
Com imagens clicadas pelo fotógrafo Henk Nieman, que acompanhou desde 1999 o processo de pesquisa sobre o corpo nômade  com João Andreazzi , a exposição permanecerá  na sede da Companhia durante a temporada.
 
Inscrições -  por e-mail:ciacorposnomades@gmail.com  ou direto no locais onde acontecerão os eventos.
O LUGAR - Cia. Corpos Nômades
Rua Augusta, 325 - São Paulo -Brasil
Telefax: 55-11-3237-3224
www.ciacorposnomades.art.br
ciacorposnomades@gmail.com



SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
"PROGRAMA DE INCENTIVO A DANÇA PAULISTA - 2008"
 
 
   
AULAS DE DANÇA CONTEMPORÂNEA 
CORPO/INTÉRPRETE

  com  integrantes da Cia. Corpos Nômades, sob orientação de João Andreazzi.

Andreazzi criou esta aula de dança contemporânea a partir de experiências corporais vivenciadas desde os anos 80. A aula, fruto de um trabalho corporal que deu origem a uma linguagem de movimentos, foi elaborada em 1999, quando o coreógrafo retornou da Holanda, após dois anos de estudo na School for New Dance and Development. Esse trabalho que também deu origem à Cia. Corpos Nômades, surgida em 2000, e que carrega princípios da idéia do nomadismo na dança, tem os seguintes preceitos: permitir a fluidez do corpo pelo espaço utilizando o próprio impulso, sem ficar preso em contagens, formas, marcas; deixar o corpo experimentar o espaço externo e interno através do movimento. No escopo do curso há uma ênfase no trabalho de chão (floor work) e na técnica de expansão das articulações partindo da fonte do movimento, respeitando os órgãos e os sistemas do corpo. Por meio desse método, Andreazzi tem propiciado uma sólida formação a muitos artistas em dança contemporânea.

terça e quinta das 15h00 das 16h30                        

quarta e sexta das 10h30 às 12h00

 Desconto de 10 %  para classe artística e estudante. Maiores informações favor entrar em contato ou  no site da Companhia.

 

Aos interessados, atenção para:

 

3ª MOSTRA LUGAR NÔMADE DANÇA - 2010

Preparem-se para enviar os projetos (com vídeo do espetáculo) para a sede da Cia. Corpos Nômades - O LUGAR.

 

ASSISTAM TRECHOS DOS ESPETÁCULOS DA CIA. CORPOS NÔMADES: 

  O BARULHO INDISCRETO DA CHUVA:

 
 
ALGUM LUGAR FORA DO MUNDO: 
 
Confira a matéria e entrevistas com a Companhia Corpos Nômades no site da Cooperativa Paulista de Teatro, referente ao processo de montagem do Hotel Lautréamont- Os Bruscos Buracos do Silêncio:
 
O LUGAR -CIA. CORPOS NÔMADES

Rua Augusta, 325  - CEP- 01305-000

telefone-05511-32373224

e-mail: ciacorposnomades@gmail.com

www.ciacorposnomades.art.br

   Realização:

 

 

 


 6º Programa de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo  

  "Um espaço de reflexão, formação e criação em dança contemporânea . Pensado para abrigar aulas e apresentações das artes cênicas contemporâneas, com amplas salas e muito espaço para experimentos. "