Ficha Técnica:
Direção e Coreodramaturgrafia: *João Luis Minelli Andreazzi.
Elenco: Bruna Dias, Isabella Franceschi, João L. M. Andreazzi*, Ricardo Silva, Tais Magnani e Tiago Teles
Mestre Sala: Gabi
Grafiteiro e cenário: Tota
DJ: Dan-Dan
Rapper-virtual: Terra Preta
Assessoria Poética Dramatúrgica: Claudio Willer
Composição da Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini
Figurinos, Cenário e Adereços: Nicea Corrêa
Vídeo-Arte: Bruno Cucio, Cris Lyra, Guilherme Severo e Marcela Sneider (Sina Filmes)
Fotografo: Henk Nieman .
Designer Gráfico: Rafael Benthien
Confecção e montagem do Cênario: Djane Borba
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
* João Luis Minelli Andreazzi (nessa monatgem João Andreazzi – acrescenta seu nome completo somado ao sobrenome materno)
A produção imediatamente anterior da Cia. Corpos Nômades, Hotel Lautréamont – Os bruscos buracos do silêncio, adaptou Os Cantos de Maldoror de Lautréamont: obra consagrada, é certo, porém desconhecida para boa parte do público. Agora, apresenta uma obra universalmente conhecida – quem sabe, o relato mais universal, junto com aquele da criação do mundo, de Adão e Eva, em Gênesis. É a história do herói que matou o pai, venceu a Esfinge, tornou-se rei de Tebas, casou-se com a mãe e, como expiação, arrancou seus próprios olhos. Ou melhor, são histórias que se cruzam na trilogia de Sófocles (Édipo Rei, Édipo em Colona, Antígona), de Édipo, Jocasta, Laio, Tirésias, Creonte, Antígona...
Seus sentidos, derivados da universalidade do mito, são notórios. Em primeiro lugar, aquele clássico, teatralizado por Sófocles, sobre os limites da condição humana. Os deuses tudo podem, inclusive praticar incesto e parrícidio; os humanos, não: têm que ater-se a limites. Heróis os ultrapassam; por isso, são sacrificados pelos deuses; mas, por seu heroísmo, ganham lugar no Olimpo, ou em algum posto destacado no reino dos mortos. O sentido moral da tragédia clássica é esse, da precariedade da condição humana frente aos deuses e ao destino. A propósito, muito já se escreveu sobre o pessimismo e fatalismo gregos, sua visão trágica de mundo (Mircea Eliade, E. R. Dodds em Os Gregos e o Irracional, etc).
Do Édipo sofocleano e do valor exemplar do mito decorrem as contribuições à sua interpretação. Uma delas, aquela de Freud, ressignificou o mito: hoje, lemos Édipo; mas entendemos Freud. O anti-Édipo, livro de Gilles Deleuze e Félix Guattari, é na verdade um anti-Freud: a esquizoanálise, proposta por esses autores, é crítica da psicanálise convencional.
Para a antropologia moderna, também sublinhando a universalidade do mito, obedecer ao tabu do incesto é pré-condição para a cultura; ou seja, para viver em sociedade. É interessante como, para Georges Bataille, pensador da transgressão, a experiência erótica, o verdadeiro gozo, requer a quebra de tabus. É o que sustenta, partindo justamente de Freud e de Lévi-Strauss, em O Erotismo. Autor de narrativas que são variações sobre o tema de Édipo – como Ma mère, Minha mãe, na qual um filho se relaciona com a mãe devassa, e Histoire de l'oeil, História do olho, no qual há sexo fetichista com olhos desorbitados –, Bataille é um dos autores citados, junto com Samuel Beckett e Antonin Artaud, em O anti-Édipo.
Do complexo ensaio por Deleuze e Guattari pode-se reter duas frases, possíveis chaves desta encenação pela Cia. Corpos Nômades:
"Édipo supõe uma fantástica repressão das máquinas desejantes"
"O que colocar no triângulo edipiano, com que formá-lo?"
Em cena, as "máquinas desejantes"; e as permutas, as possibilidades de formação do triângulo – e de outras geometrias, envolvendo o conjunto de corpos dos personagens da tragédia – envolvendo, quem sabe, a todos nós.
Mas o que encena a Cia. Corpos Nômades? Édipo ou o anti-Édipo? Diria que ambos: o que se passa em cena é um jogo entre interpretações, as clássicas e aquela transgressiva. João Andreazzi e os demais integrantes do elenco dançam, expressam-se, apresentam-se como ideogramas ou emblemas, movidos pela tensão entre esses pólos. Oferecem-nos um trans-Édipo. Simbolizam – inclusive através dos adereços e máscaras atemporais, bem como da participação do sambista, do disk-jockey e do grafiteiro, mais o repertório musical variado – a universalidade do mito; e dos anti-mitos, das possibilidades de reinterpretação do relato originário.
ÉDIPUS REX - A MÁQUINA DESEJANTE - serviço
O LUGAR - Cia. Corpos Nômades
Rua Augusta, 325 - São Paulo -Brasil
Telefax: 55-11-3237-3224
Ingresso: R$ 15,00 inteira e R$7,50 a meia entrada
www.ciacorposnomades.art.br
ciacorposnomades@uol.com.br
ciacorposnomades@gmail.com
Eventos com a Cultura do Hip-hop
Oficina de Graffiti com TOTA, de 24 a 26 de novembro das 14h00 às 17h00, na sede da Cia. Corpos Nômades. Público Alvo: grafiteiros e pessoas interessadas acima de 16 anos. Número de vagas: 10.
Eventos com a Cultura do Carnaval
Oficina de Alegoria Carnavalesca com Nicea Corrêa – dia 28 de novembro - sábado, das 14h00 às 17h00, na sede da Cia. Corpos Nômades. Público alvo: interessados no assunto acima de 12 anos. Número de vagas: 20.
Eventos com a Cia. Corpos Nômades
Com imagens clicadas pelo fotógrafo Henk Nieman, que acompanhou desde 1999 o processo de pesquisa sobre o corpo nômade com João Andreazzi , a exposição permanecerá na sede da Companhia durante a temporada.
Rua Augusta, 325 - São Paulo -Brasil
Telefax: 55-11-3237-3224
www.ciacorposnomades.art.br
ciacorposnomades@gmail.com
com integrantes da Cia. Corpos Nômades, sob orientação de João Andreazzi.
Andreazzi criou esta aula de dança contemporânea a partir de experiências corporais vivenciadas desde os anos 80. A aula, fruto de um trabalho corporal que deu origem a uma linguagem de movimentos, foi elaborada em 1999, quando o coreógrafo retornou da Holanda, após dois anos de estudo na School for New Dance and Development. Esse trabalho que também deu origem à Cia. Corpos Nômades, surgida em 2000, e que carrega princípios da idéia do nomadismo na dança, tem os seguintes preceitos: permitir a fluidez do corpo pelo espaço utilizando o próprio impulso, sem ficar preso em contagens, formas, marcas; deixar o corpo experimentar o espaço externo e interno através do movimento. No escopo do curso há uma ênfase no trabalho de chão (floor work) e na técnica de expansão das articulações partindo da fonte do movimento, respeitando os órgãos e os sistemas do corpo. Por meio desse método, Andreazzi tem propiciado uma sólida formação a muitos artistas em dança contemporânea.
terça e quinta das 15h00 das 16h30
quarta e sexta das 10h30 às 12h00
ASSISTAM TRECHOS DOS ESPETÁCULOS DA CIA. CORPOS NÔMADES:
Rua Augusta, 325 - CEP- 01305-000
telefone-05511-32373224
e-mail: ciacorposnomades@gmail.com
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6º Programa de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo