EDIÇÃO EXTRA
Editor Responsável - Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade (CREMESP 103282)
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RETRANSMITE E SOLICITA DIFUSÃO NA INTERNET - CAMPINAS, SP - 20/10/08
OFICINA NACIONAL DE INDICAÇÃO DE POLÍTICAS CULTURAIS PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (2º DIA)
(contêm imagens - descritas ao lado ou indicativas dos palestrantes presentes nesse importante evento - informa o DefNet - Ler adendo ao fim da matéria)
Oficina apresenta diretrizes e ações para políticas culturais voltadas para pessoas com deficiência
ENSP, dia 20/10/2008
Patrimônio, difusão, fomento e acessibilidade foram os temas em pauta nos dois últimos dias (17 e 18/10) de debates da 'Oficina nacional de indicação de políticas culturais para inclusão de pessoas com deficiência', promovida pela ENSP/Fiocruz em parceria com a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. Como os participantes foram divididos em quatro grupos de trabalho, cada um voltado para um tema específico, a fim de fomentar a criação de uma política cultural de inclusão para pessoas com deficiência, uma mesa-redonda expôs a experiência de três profissionais para ajudar nos debates. Confira, os áudios e as apresentações na Biblioteca Multimídia da ENSP.
(imagem - fotografia da Mesa Redonda , com Frederico Maia, Patrícia Dorneles, Claudia Werneck e Jorge Marcio Andrade)
A primeira exposição foi do criador do Banco de Dados On Line Sobre e Para Pessoas com dEficiência (DefNet), Jorge Márcio de Andrade, que trouxe para os presentes a necessidade do discurso da diversidade (e da Diferença) nas políticas públicas, contemplando, da melhor forma possível, a relação entre arte e cultura para as pessoas com deficiência. "Não podemos separar duas questões fundamentais. As políticas públicas e os direitos humanos. Ambas estão intrinsecamente ligadas, e somente juntas serão capazes de oferecer uma vida mais saudável para essas pessoas", afirmou. Para Jorge Márcio, os governantes devem entender que não se trata apenas de uma ação do Ministério da Cultura, mas sim um projeto que envolva todos os outros ministérios brasileiros como forma de se trabalhar a arte não apenas como terapia ou reabilitação, mas na construção e fruição de uma cultura da cidadania e acessibilidade, garantindo, assim, a participação de todos e sempre respeitando suas singularidades. (afirmando suas DIFERENÇAS)*
A jornalista e escritora Cláudia Werneck apresentou o trabalho 'A Escola de Gente', criada em 2002 por ela e seu marido com o objetivo de contribuir para a implementação de uma sociedade inclusiva no Brasil, segundo a Resolução 45/91 da ONU, e que já atuou em onze países da América Latina e África e em quase todo o território brasileiro. Incluído nesse projeto está o grupo de teatro 'Os Inclusos e os Sisos - Teatro de Mobilização pela Diversidade' formado por atores e atrizes da UniRio que integram a Rede de Arte e Transformação Social apoiada pela Fundação Avina. "Nós buscamos disseminar o conceito de inclusão e ética da diversidade por meio de espetáculos que abordem o tema e garantam o acesso a todas as condições humanas", destacou. Cláudia explicou que foi do grupo a primeira peça brasileira - Ninguém mais vai ser bonzinho - a contar com legendagem, língua de sinais, áudiodescrição, programação em braile e assentos especiais, permitindo, assim, que todas as pessoas com deficiência possam assistir ao espetáculo.
A visão do Ministério da Cultura foi trazida pelo gerente de Articulação Nacional do MinC Frederico Maia, com uma série de indicadores sociais acerca dos hábitos culturais da população brasileira, dentre os quais apenas 13% dos brasileiros freqüentam cinema alguma vez por ano ou o fato de que 92% dos brasileiros nunca freqüentaram museus. "Sem contar que mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso", citou.
O representante apresentou o Programa Mais Cultura, elaborado como forma de garantir acesso aos bens culturais e meios necessários para a expressão simbólica e artística; promover a diversidade cultural e social, a auto-estima, o sentimento de pertencimento, a cidadania, a liberdade dos indivíduos, o protagonismo e a emancipação social; qualificar o ambiente social das cidades, ampliando a oferta de equipamentos e os espaços que permitem o acesso à produção e à expressão cultural; além de gerar oportunidades de emprego e renda para trabalhadores das micro, pequenas e médias empresas, assim como empreendimentos de economia solidária no mercado cultural brasileiro. "A importância desse programa é fazer uma agenda social do governo envolvendo diversos parceiros interesetoriais, fazendo cultura com pessoas de todas as áreas, raças e grupos sociais e pensando, principalmente, com o foco de atuação àquelas populações menos favorecidas como famílias de baixa renda, povos e comunidades tradicionais ou pessoas com deficiência", afirmou.
Antes da formação dos grupos de trabalho responsáveis por debater e apresentar as propostas que estarão consolidadas no relatório final da oficina, a ser entregue para o Ministério da Cultura, o dançarino Marcos Abranches fez uma performance, que está trabalhando há dois anos, envolvendo dança corporal e expressão contemporânea e buscando retratar o que ele vislumbra diariamente nas ruas do Rio de Janeiro.
Sobre o final da oficina, o coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental da ENSP (Laps/ENSP/Fiocruz), Paulo Amarante, acredita que o trabalho de três dias cumpriu os objetivos aos quais se propôs. "Embora o final estivesse previsto para às 13 horas, trabalhamos até às 17h30 de sábado (18/10), com o auditório ainda cheio, e os presentes aprovando as principais decisões a serem encaminhadas aos Ministérios e demais autoridades das áreas da cultura, da saúde, da educação e dos direitos humanos. Foi aprovada uma moção a favor da aúdiodescrição (tecnologia utilizada para transmissão de áudio-visuais para pessoas com deficiência visual, e foi elaborada a Carta do Rio de Janeiro sobre a Cultura para, com e por, pessoas com deficiência", encerrou. Segundo Paulo, essa carta resume os principais aspectos aprovados na oficina, relacionados à acessibilidade, patrimônio, difusão e fomento da cultura no âmbito das pessoas com deficiência tanto no que diz respeito aos que fazem e produzem arte e cultura quanto aos que as prestigiam ou gostariam de prestigiar.