As idéias centrais para a construção deste balé surgiram durante meu terceiro ano na graduação em filosofia na Universidade de São Paulo. Quando me familiarizei com o trabalho de Aristóteles percebi o quanto o modo como eu desenvolvo meu trabalho se relaciona, de alguma forma, com certos aspectos da filosofia aristotélica.
O que selecionei para trabalhar com dança, da filosofia de Aristóteles, é, em primeiro lugar, a questão da dicotomia: uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Em segundo lugar, a noção de que aquilo que é simples antecede aquilo que é composto.
Na minha trajetória como coreógrafo utilizo o conceito de dicotomia para encontrar novas possibilidades. A partir de uma série de dicotomias que enumerei: vertical e horizontal, perto e longe, rápido e lento, centro e periferia, curvo e reto, frente e trás, direito e esquerdo, em cima e embaixo, uno e múltiplo, solo e grupo, singular e plural, simples e complexo, etc., construímos um balé.
Ficha técnica
elenco
dias 2, 5, 6/9: Alex Soares, Anderson Ribeiro, Carolina Franco, Cléber Fantinatti, Fabiana Fornes, Fabiana Nunes, Fernanda Bueno, Jaruam Miguez, Marisa Bucoff, Paula Zonzini, Roberta Botta, Tutto Gomes, Willy Helm, Yasser Diaz.
dias 3 e 4/9: Alex Soares, Anderson Ribeiro, Cléber Fantinatti, Erika Ishimaru, Fabiana Nunes, Fernanda Bueno, Jefferson Damasceno, Liliane De Grammont, Luciane Fontanella, Marisa Bucoff, Roberta Botta, Tutto Gomes, Willy Helm, Yasser Diaz.
coreografia e concepção geral de cenários, figurinos, iluminação e sonoridade
Luiz Fernando Bongiovanni
assistentes de coreografia
Lumena Macedo e Suzana Mafra
cenógrafo
Marcos Carvalheiro
figurinos
Madalena Machado
música original
Mano Bap
desenho de luz
Sueli Matsuzaki
Umbral
Homenagem do Balé da Cidade de São Paulo e de Luis Arrieta aos 100 anos do nascimento do compositor Olivier Messiaen.
texto abaixo de Luis Arrieta
Encontra-se no Dicionário Aurélio a definição de umbral: limiar, entrada; passo primeiro e principal ou entrada de qualquer coisa.
Já no Dicionário de Símbolos, de Juan-Eduardo Cirlot, depara-se, naturalmente, com um enfoque diferente: símbolo de transição, de transcendência; no simbolismo arquitetônico o umbral recebe sempre tratamento especial, através da multiplicação e do enriquecimento de suas estruturas.... ou pela ornamentação simbólica que alcança no Ocidente sua máxima virtualidade na catedral cristã....
O umbral adquire aqui, claramente, seu caráter de união e separação dos dois mundos: profano e sagrado.
O umbral que comunica e permite a passagem, nunca é falto de esforços. Solicita-nos despirmos de pesos passados e convida-nos a descobrir novos equilíbrios. Foi em condições difíceis e austeras que, em 1941, numa prisão na França, nascia o Quarteto para o fim dos tempos, trazendo um dos mais inspirados e sublimes convites à transcendência. Desse quarteto, o último movimento, Louvor à Imortalidade de Jesus, muito além de dogmas religiosos, oferece-nos um umbral a um novo espaço.
Ficha técnica
elenco
dias 2, 5 e 6/9: Erika Ishimaru, Gleidson Vigne, Yasser Diaz
dias 3, 4/9: Carolina Franco, Alex Soares, Wagner Varella
coreografia e figurinos
Luis Arrieta
assistência de coreografia
Lumena Macedo e Milton Kennedy (especialmente convidado pelo coreógrafo)
música
Olivier Messiaen (1908-1992) - Louvação à Imortalidade de Jesus (Louange à L'Immortalité de Jésus); oitavo movimento do Quarteto para o fim dos tempos (Quatuor pour la fin du temps), 1941
Trio Fontenay: Wolf Harden (piano), Michael Mücke (violino) e Niklas Schmidt (violoncelo) - Gravação Teldec, com colaboração do WDR Studio Köln (setembro de 1991) - Introdução: Beto Bertolini, Paisagens Sonoras do Planeta "Floresta Atlântica", (faixas 13 e 30) - Nature Net Recordings (1996) Mixagem Sergio Paes
concepção e desenho de luz
Wagner Freire