CIA. CORPOS NÔMADES mergulha no universo de SHAKESPEARE
Em "Espectros de Shakespeare – Do outro Lado do Vento", a companhia inspira-se nas tragédias de "Macbeth", "Otelo", "Rei Lear" e "Hamlet"
"Seus personagens trágicos demonstram tanta grandeza, que em seu erro e queda podemos ter viva consciência das possibilidades da natureza humana." (A. C. Bradley). A obra de William Shakespeare, o mais influente dramaturgo do mundo, provocou e continua provocando inúmeras discussões sobre atos e conflitos de natureza humana. Por encorajar o espectador a ter suas próprias ideias, o debate com Shakespeare torna-se estimulante. Uma oportunidade de entrar em contato com as regiões mais obscuras do ser humano é conferir de perto o espetáculo "Espectros de Shakespeare - Do Outro Lado do Vento", novo trabalho da Cia. Corpos Nômades, dirigida pelo coreógrafo e bailarino João Andreazzi.
O Bardo é a grande fonte de inspiração para este projeto, que conta com o 6º Programa Municipal de Fomento à Dança. Admirador e pesquisador de sua obra desde 1993, João Andreazzi transfere todo um processo de investigação cênica da Cia. Corpos Nômades ao universo de Shakespeare. Esse novo espetáculo, resultado do projeto "Espectros de Shakespeare", é focado principalmente nas tragédias "Macbeth", "Otelo", "Rei Lear" e "Hamlet", tendo seus personagens espectrais extraídos diretamente desses textos para a composição desta montagem. Além das tragédias, alguns sonetos do autor completam a poética da coreodramaturgrafia.
Toda a proposta do espetáculo é calcada no trabalho corporal desenvolvido nos últimos anos pela Cia. Corpos Nômades, com atenção especial para o trabalho de improvisação como processo cênico, aliado ao trabalho técnico com um forte contato com o chão e outros corpos, incorporando o contato e improvisação ao processo criativo, inserindo o teatro, a música e a vídeo-arte, possibilitando despontar daí uma dramaturgia extraída dos gestos, movimentos, objetos, textos, sons e imagens.
"Ofélia", "Macbeth", "Lady Macbeth", "As Três Bruxas", "Hamlet", o "Espectro de Hamlet" e muitos outros personagens são dissecados e fundidos à coreodramaturgrafia buscando, mais do que o sofrimento trágico apresentado de forma literal, uma substância trágica capaz de unir as cenas transformando-as em referências da existência humana, assim como foi feito por outros artistas, cineastas, escritores e compositores sobre a obra de Shakespeare. Influenciaram também a pesquisa para esta montagem, filmes de Laurence Olivier (Hamlet e Rei Lear), de Orson Welles (Macbeth), de Akira Kurosawa (Trono Manchado de Sangue e Ran), de Peter Greenway (Prospero's Books) e alguns livros como Oriente Ocidente escrito por Salman Rushdie, Hamlet-Machine por Heiner Müller, Teatro e Sociedade: Shakespeare por Guy Boquet, A Tragédia Shakespeariana por Andrew Cecil Bradley e diversas óperas que utilizaram o tema.
FICHA TÉCNICA
Direção e Coreodramaturgrafia: João Andreazzi Elenco: Bruna Dias, Fabíola Camargo, Isabella Franceschi, João Andreazzi, Ricardo Silva e Tais Magnani Textos: William Shakespeare Assessoria Poética: Claudio Willer Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini Assessoria Musical: Ettore Veríssimo Desenho de Luz: Cia. Corpos Nômades e PH. Figurino David Schumaker Observadores Participativos: Alessandra Souza, Amanda Correa, Juliano Maltez, Ligia Marinho, Maju Minervina e Rafaela Fusaro Fotos de ensaio: João Andreazzi Cenário, Figurino e Vídeo-Arte: Cia. Corpos Nômades Designer Gráfico: Rafael Benthien Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Produção: Cia. Corpos Nômades
"Espectros de Shakespeare - Do Outro Lado do Vento"
Recomendação: 14 anos Duração: 60 minutos
O LUGAR - Rua Augusta, 325 - São Paulo - SP Tel (11) 3237-3224
Temporada: Sexta, Sábado às 21h00 e Domingo às 20h30. Preços: R$ 10,00 inteira, R$ 5,00 meia entrada artistas, estudantes e pessoas com mais de 60 anos, professores da rede pública de ensino.
LUGARIZAÇÃO
Residência artística em O LUGAR, da Cia Corpos Nômades, apresenta PORTA SEM PAREDE, da Strange Company, dos EUA/Taiwan
Dias 02 e 03 de julho de 2010 (sexta e sábado), às 21h
Essa será a primeira edição do projeto Lugarização, realizado com o intuito de trazer artistas estrangeiros para residirem artisticamente no O LUGAR – sede da Cia. Corpos Nômades.
A primeira convidada é a Strange Company, formada pelas bailarinas Abigail Levine (de Nova York) e Pei Chun Wang (de Taiwan), que juntas criaram a companhia que inaugura o evento. Lugarização traz de volta ao Brasil a artista Wang, que participou do espetáculo OOZE/EZOO no lançamento da Cia. Corpos Nômades em 2000.
A ideia dessa residência é a de mostrar trabalhos de pesquisa e experimentação em dança contemporânea de intérpretes-criadores de outros países e fornecer a estrutura para que possam desenvolver no O LUGAR suas investigações corporais, proporcionando assim um intercâmbio artístico e uma conexão com o pensamento prático de artistas de outros lugares e territórios.
Porta Sem Parede
O espetáculo nasceu da residência e vivência da dupla artística na cidade de São Paulo, numa imersão de um mês, para criação do espetáculo. A Strange Company tem como meta utilizar as referências que encontra nas cidades por onde passa, absorvendo o entorno. Contaminando-se também com os estímulos que o espectador da cena traz, faz desse encontro um rito de ação e reação, entre o improviso e a bagagem que as intérpretes trazem em seus corpos. Mesclam assim, junto à dança contemporânea, gestos, objetos e sons que produzem a cada performance, encenando algo estranho e inquietante.
A pergunta feita pelas bailarinas, para si mesmas, indica o caminho da investigação do grupo: "Como um corpo absorve os ritmos e os desenhos de um novo contorno urbano? É possível ter uma cidade dentro do corpo assim como ter um corpo dentro da cidade?". Porta Sem Parede tentará responder.
Strange Company
A companhia apresentou-se no Movement Research at the Judson Church em Nova York (2007) e em Taipei no Fringe Festival (2008). A companhia recebeu suporte do Man-Fei Lo Foundation, da Puffin Foundation, Wesleyan University e do Dragon's Egg Residency. www.peichunwangdance.blogspot.com // www.abigaillevine.com
Pei-chun Wang
Nascida em Taiwan, formou-se em dança nos Estados Unidos. Como intérprete, trabalhou com João Andreazzi, da Cia. Corpos Nômades, Clipa Theater (Israel) and Ku & Dancers (Taiwan). Como coreógrafa recebeu suporte do Man-Fei Lo Dance Fund e Council of Culture and Arts, entre outros. Atualmente reside em Taipei, ensinando "contact improvisation" e ioga. Integra a Strange Company em colaboração com Abigail Levine-NY num projeto-dueto, que fundaram em 2007.
Abigail Levine
Bailarina e artista de performances em lugares públicos como metrôs, piscinas, escritórios, jardins, mas também faz trabalhos para concertos de dança e óperas apresentados nos teatros nas cidades de New York, Washington DC, Havana, Mexico, Taipei e Caracas. Abigail é particularmente interessada em explorar novas possibilidades de interação entre o corpo humano e o ambiente urbano. Seu último trabalho foi uma performance em que passou 24 horas andando de metrô com uma câmera presa em suas costas. De março a maio de 2010, ela integrou uma performance de Marina Abramovic, em sua retrospectiva no Museu de Arte Moderna de New York. Atualmente trabalha com a coreógrafa cubana Marianela Boan e estarão no Festival de Teatro da Bahia em setembro de 2010. Abigail está no mestrado na New York University estudando performance experimental nos Estados Unidos e na América Latina.
Ficha Técnica
Intérpretes/Criadores: Abigail Levine e Pei Chun Wang Músico: Celso Amâncio Figurino: Strange Company Foto: Steven Schreiber
Duração: 50 minutos Indicação etária: livre Ingressos: R$15,00 inteira e R$7,50 meia (classe artística, estudante e terceira idade)
Local: O LUGAR – CIA. CORPOS NÔMADES - Rua Augusta, 325 - São Paulo – SP
Telefone: 011-32373224
Email: ciacorposnomades@gmail.com // www.ciacorposnomades.art.br
Convênio com estacionamento na Rua Augusta,108 (R$4,00 por 6 horas)
TENSÃO E TEATRO PÓS-DRAMÁTICO
Trecho extraído do capítulo Tensão e Artes Cênicas do livro Taanteatro – teatro coreográfico de tensões
O teórico teatral Hans-Thies Lehmann lançou, com seu livro O teatro pós-dramático, uma tentativa de descrever e conceituar o desenvolvimento do teatro a partir de 1970. No lugar de pós-moderno, termo que procura abarcar a complexidade das manifestações culturais de cerca de três décadas (1970 a 1990), Lehmann propõe o conceito pós-dramático, de abrangência mais restrita, voltada exclusivamente para as artes cênicas. O autor admite a proximidade do teatro pós-dramático com o teatro energético, esboçado pelo filósofo francês Jean-François Lyotard que, por sua vez, situa-se nos arredores do teatro da crueldade de Artaud. O teatro energético é concebido como teatro de "forças, intensidades, afetos, presenças". Teatro além do drama, do significado e da representação – o que, de acordo com Lehmann, não impede a presença da representação, mas do domínio de sua lógica. O teatro pós-dramático é caracterizado pelo "desaparecimento do princípio de narração, de figuração e de ordem da fábula" e pela "impossibilidade de fornecer sentido e síntese", apontando apenas para perspectivas parciais. Seus elementos formais recorrentes são: fragmentação, deformação, subversão, transgressão, descontinuidade, não-textualidade, plurimedialidade e a anulação de fronteiras entre linguagens. O texto teatral não é mais a referência central e determinante da encenação, no lugar do discurso aparecem a meditação, o ritmo, as sonoridades, o espaço. É um teatro do gesto e do movimento. Lehmann resume essas tendências como a despedida das tradições da forma dramática, despedida que, no entanto, não exclui as estéticas mais antigas: "o teatro pós-dramático é essencialmente, mas não exclusivamente, ligado ao teatro experimental, disposto ao risco artístico". É work in progress, adepto da desconstrução ou dissolução de narrativas, da mistura e simbiose de linguagens ou códigos de encenação. No teatro pós-dramático o absolutismo do corpo, que burla o sentido através da sensualidade, vive um "deslocamento da semântica para a sintaxe". A realidade dessemantizada do corpo, isto é, o corpo auto-referencial e sua observação se tornam objeto estético-teatral. Apesar de todos os esforços para domesticar o potencial expressivo do corpo numa lógica, gramática, retórica, diz Lehmann, o corpo se tornou o centro do teatro, o signo central que "nega o serviço do significado" e o ponto irredutível da cena onde se realiza o fading de qualquer significar em favor da presença, da fascinação e da irradiação de "uma corporalidade auto-suficiente exposta em suas intensidades e potenciais gestuais – em sua presença aurática e em suas tensões internas e externamente transmitidas". Some, junto com a representação, a projeção do corpo ideal; surge, com absoluto poder de incorporação de todos os outros discursos, o corpo intenso. O corpo, ao mostrar nada além de si mesmo, ao abandonar a sua significação voltando-se para o gesto livre de sentido, [...] torna-se tema único, [...] com uma significação que se refere à existência social inteira. Teatro pós-dramático é um teatro de potencialidades do corpo, não através de sua capacidade de significar, mas através de sua presença, da autodramatização da físis e do processo corporal que acontece entre corpos. Quando textos e ações cênicas são percebidos de acordo com o modelo da ação tensiva do drama clássico, as condições próprias da percepção teatral recuam: a presença do acontecimento, a semioticidade própria do corpo, os gestos e movimentos dos performers, as estruturas de composição formais da língua enquanto paisagem sonora, as qualidades inesgotáveis do visual além da representação, o desenrolar musical-rítmico com seu tempo próprio etc. – justamente os momentos que constituem a forma do teatro contemporâneo. No teatro pós-dramático, a tensão dramática clássica é substituída pela realidade da tensão corporal.
Com integrantes da Cia. Corpos Nômades, sob orientação de João Andreazzi.
Andreazzi criou esta aula de dança contemporânea a partir de experiências corporais vivenciadas desde os anos 80. A aula, fruto de um trabalho corporal que deu origem a uma linguagem de movimentos, foi elaborada em 1999, quando o coreógrafo retornou da Holanda, após dois anos de estudo na School for New Dance and Development. Esse trabalho que também deu origem à Cia. Corpos Nômades, surgida em 2000, e que carrega princípios da idéia do nomadismo na dança, tem os seguintes preceitos: permitir a fluidez do corpo pelo espaço utilizando o próprio impulso, sem ficar preso em contagens, formas, marcas; deixar o corpo experimentar o espaço externo e interno através do movimento. No escopo do curso há uma ênfase no trabalho de chão (floor work) e na técnica de expansão das articulações partindo da fonte do movimento, respeitando os órgãos e os sistemas do corpo. Por meio desse mét odo, Andreazzi tem propiciado uma sólida formação a muitos artistas em dança contemporânea.
Quarta e sexta das 10h30 às 12h00
ASSISTAM TRECHOS DOS ESPETÁCULOS DA CIA. CORPOS NÔMADES:
CONFIRAM!
ÉDIPUS REX - A MÁQUINA DESEJANTE
no YOUTUBE
http://www.youtube.com/watch?v=YRqL3psMh7M
O BARULHO INDISCRETO DA CHUVA:
Rua Augusta, 325 - CEP- 01305-000
telefone-05511-32373224
e-mail: ciacorposnomades@gmail.com
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