Cachuera!
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De agosto a dezembro de 2012 a Associação Cultural Cachuera! realiza o projeto Grandes Temas – Edição Batuques. Uma vez por mês serão apresentados grupos de cultura popular tradicional que têm como eixo identitário modalidades de música-dança-poesia-teatro pertencentes à grande família dos Batuques de Terreiro afro-brasileiros.
Os Batuques constituem um dos Grandes Temas das Tradições Brasileiras de Música e Dança, modelo de classificação das formas de expressão performáticas brasileiras desenvolvida por pesquisadores da Associação Cultural Cachuera! nos últimos anos. O projeto objetiva aproximar esta vertente da cultura afro-brasileira do público paulistano, situando-a como essencial para a compreensão das raízes da música brasileira, e propiciar o encontro entre comunidades de diferentes pontos do Brasil.
Nas vivências/apresentações com os grupos convidados, herdeiros de fazeres artísticos ancestrais, o público irá conversar com as comunidades e também será convidado a conhecer toques de instrumentos, danças e cantos vinculados às tradições apresentadas. Os eventos acontecerão sempre aos sábados, com entrada franca, no Espaço Cachuera!. Às 16h iniciam-se as rodas de conversa com os grupos convidados; às 19h, a apresentação dos grupos (a distribuição de ingressos ocorre 30 minutos antes de cada evento).
O próximo encontro acontece no dia 15 de setembro (sábado), tendo como convidadas as comunidades do Jongo/Caxambu de Cunha (SP) e Pinheiral (RJ).
Saiba mais sobre os grupos convidados e suas tradições
Jongo/Caxambu
O Jongo ou Caxambu, presente em todos os estados da Região Sudeste, sobretudo ao longo do Vale do Rio Paraíba, está historicamente ligado à cultura do café, que atraiu para o Vale numerosa população africana escravizada, com destaque para as etnias bantu. Ao som dos tambores tambu e candongueiro (feitos de tronco ou barrica), que podem ser acompanhados da puíta, do guaiá (chocalho) ou do mucoco (matraca), os jongueiros cantam seus pontos (cantigas) em linguagem simbólica, metafórica, enquanto acontece a dança. No jongo tradicional há diferentes categorias de pontos : os de louvação, para saudar pessoas e entidades espirituais; os de visaria, para falar de assuntos relativos à comunidade; os de demanda, para travar desafios através de enigmas a serem decifrados.
A troca de pontos entre jongueiros é como uma conversa que só eles entendem. Dizem os mais velhos que, nos tempos do cativeiro, era através da linguagem enigmática dos pontos de Jongo que os escravizados se comunicavam, nas ocasiões em que se reuniam, sem que os senhores percebessem. Também dizem que, com a força mística de seus pontos, os jongueiros cumba (conhecedores) faziam crescer bananeiras, que davam cacho e maduravam durante uma noite de dança. Quando quer cantar um ponto, o jongueiro coloca a mão sobre os tambores e grita: cachuera! (em São Paulo) ou machado! (no Rio de Janeiro).
As formas de dançar, cantar e tocar tambor variam de comunidade para comunidade. Segundo classificação da folclorista Maria de Lourdes Borges Ribeiro, em sua monografia sobre o Jongo , distinguem-se duas formas de dança principais: a do Jongo "paulista" ou "de roda", em que uma roda formada pelos participantes gira em sentido anti-horário, com pequenos passos alternados para a direita e para a esquerda; e o Jongo "carioca” ou "de corte", em que um casal dança no meio da roda formada pelos participantes, sendo os dançantes constantemente substituídos por pessoas do mesmo sexo.
Jongo de Cunha (SP)
No depoimento de mestre jongueiro Lico Sales, que consta do Inventário Jongo no Sudeste, coordenado pela Associação Cultural Cachuera! (2005), ele diz:
“O Jongo na cidade de Cunha existe há mais de 200 anos. Aprendi o Jongo com o meu pai, que por consequência havia aprendido com meu avô. Tenho 65 anos e danço o Jongo desde criança, com alguns dos meus amigos daquela época.
Atualmente em Cunha existe um grupo de aproximadamente 12 pessoas que dançam o Jongo. Na cidade não existe mais a festa do Jongo propriamente dita, então dançamos em todas as ocasiões – Festa do Divino, Festa de Reis, Catiras – enfim, sempre que ocorre uma festa nós aproveitamos e dançamos um pouco de Jongo.”
Caxambu de Pinheiral (RJ)
O município de Pinheiral , no sul fluminense, abriga várias famílias que se dedicam à preservação do Jongo. “Pinheiral é terra de jongueiro”, afirma Maria de Fátima da Silveira Santos, líder do grupo Jongo de Pinheiral. “Nos tempos áureos de escravidão”, diz a jongueira, “o negro, que trabalhava de sol a sol, só tinha a noite para se expressar. Em volta da fogueira os negros dançavam, louvavam seus orixás, arquitetavam fugas. Tudo acontecia na roda do Jongo.”
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Grandes Temas – Edição Batuques
Onde: Espaço Cachuera!
Rua Monte Alegre, 1.094 . Perdizes . São Paulo
Quando: De agosto a dezembro de 2012
Apresentações e rodas de conversa uma vez por mês, sempre aos sábados
Entrada franca
Capacidade: 100 pessoas
Retirada de ingresso meia hora antes dos eventos
Informações: 11 3872 8113 . 3875 5563cachuera@cachuera.org.br
www.cachuera.org.br
15 de setembro
Jongo/Caxambu
Comunidades de Cunha (SP) e Pinheiral (RJ)
16h às 18h – Roda de conversa
19h – Apresentação
20 de outubro
Candombe
Comunidade do Açude . Serra do Cipó, Jaboticatubas (MG)
16h às 18h – Roda de conversa
19h – Apresentação
10 de novembro
Nego Fugido
Acupe, Santo Amaro da Purificação (BA)
16h às 18h – Roda de conversa
19h – Apresentação*Também haverá apresentações do Nego Fugido na Pinacoteca do Estado de São Paulo e eventos paralelos na Matilha Cultural
15 de dezembro
Jongo de São Benedito
São Mateus (ES)
16h às 18h – Roda de conversa
19h – Apresentação